“Cidades Inteligentes” entra na pauta de discussão com lideranças de Francisco Beltrão e região

Palestra Cidades Inteligentes- Viver além de Morar

Patrícia de Oliveira. 30 de novembro de -1

Na noite de segunda-feira, 19 de julho, um grande encontro virtual aconteceu em Francisco Beltrão. Foi durante a palestra intitulada “Cidades Inteligentes – Viver além de morar”, realizada pela Associação Empresarial (Acefb), por meio do Ciklo Hub de Inovação, em parceria com o Sebrae/PR, Prefeitura e os núcleos - NIFB (Núcleo Imobiliário de Francisco Beltrão), Nudearq (Núcleo de Arquitetos e Urbanistas) e Sudenge (Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Sudoeste).

 

A palestra contou ainda com a parceria do Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP). O convidado da noite foi Júlio Ribeiro, CEO da HubSE - Tecnologia da Informação. Participaram simultaneamente 63 pessoas, incluindo lideranças como o prefeito de Beltrão, Cleber Fontana, vice-prefeito Antonio Pedron, secretário municipal de Planejamento, Alexandre Pécoits e o presidente da Acefb, Tarsizio Carlos Bonetti, além de coordenadores de núcleos da Acefb e líderes da sociedade civil organizada.

 

De acordo com Júlio, todas as cidades já possuem um grau de inteligência, se não nem existiriam. Contudo, é preciso se adaptar, entender os desafios atuais e adiantar-se para os desafios futuros. “Isso é inteligência, é preciso aprender a sonhar as cidades”.

 

César Colini, gerente Regional Sul do Sebrae/PR, destaca que o Plano Diretor de Francisco Beltrão entrou em revisão como o que já vem acontecendo na maioria das cidades brasileiras. “E nós estamos conectando a pauta do Plano Diretor com a pauta das Cidades Inteligentes. Nada mais justo que nesse momento se faça um grande planejamento com inovação e tecnologia, organizando todas essas questões urbanas do município”.

 

Joares Ribeiro, diretor executivo da Acefb, ressalta que o encontro só ocorreu após uma ‘provocação’ dos núcleos empresariais da entidade. “Eles se juntaram e viram a importância de se juntar nesse sentido para a discussão do tema”.

 

Tarsizio Carlos Bonetti, presidente da Acefb, explica que foi iniciada uma discussão em que “nós queremos contribuir para a construção de um Plano Diretor de uma cidade ainda mais próspera. Pensamos em Beltrão quando passar de 100 mil habitantes [92.216 foi a última atualização feita pelo IBGE em 2020], com grandes obras que já estão sendo feitas aqui. Tudo isso deve ser muito bem pensado”.

 

O prefeito Cleber Fontana lembra que é preciso aprender mais sobre as cidades inteligentes porque o cidadão irá cobrar dos gestores municipais – atuais e futuros por uma administração ainda mais moderna e mais rápida, na recepção de ideias e na transparência.  “Nosso Plano Diretor é de 1997, foi revisado em 2007, teria que ser revisado em 2017 e acabou atrasando. Entendo que essa revisão deve ser feita com mais frequência e com o acompanhamento da população, dos vereadores, dos engenheiros e dos arquitetos. Porém, acredito que estamos falhando em não ter um instituto especializado e permanente para planejar o município. Hoje tem o Ippub [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano] que trabalha muito mais ‘apagando incêndio’, as pessoas que estão lá deveriam estar pensando os grandes projetos do município, de forma tranquila. Mas a gente acaba correndo porque surge uma verba para obras e é preciso realizar o projeto”.

 

Cleber informa que já foi esboçada a criação de um instituto independente. “Vamos propor porque devemos isso para a cidade. Quero deixar isso organizado até o fim do meu mandato porque sei que o futuro irá nos cobrar se não trabalharmos nesse sentido”.

 

“Gostei muito da fala do prefeito Cleber, pois tenho rodado muitos municípios e poucos prefeitos têm tido essa visão de desvincular um planejamento de longo prazo do mandato enquanto prefeito, entendo que ele está muito alinhado com o que está dando mais certo no país”, comenta o palestrante Júlio.

 

Sem rodeio

Deixando de lado os protocolos tradicionais de palestras e eventos, Júlio salientou que os participantes poderiam questioná-lo, a qualquer momento, caso necessitassem. “Quero parabenizar a cidade, nesta foto que uso na minha apresentação, tem essa torre, é um belo cartão postal do município”.

 

Júlio disse que o Brasil é formado por 5.570 municípios, e mais de 85% desse total são de pequeno e médio porte [abaixo de 200 mil habitantes]. “E aqui em Beltrão temos a condição de discutir um case nacional, é o Brasil na sua essência. Acredito que as cidades brasileiras já são inteligentes, só falta ir para além do princípio burocrático de apenas morar numa cidade, mas também viver”.

 

Ele fez os participantes refletirem com as perguntas “de onde viemos?”, “onde estamos?”, “para aonde vamos?” e “para onde queremos ir?”. “Aí entram os indicadores econômicos e onde estão os meus vizinhos [municípios] mais imediatos em relação aos pares do mesmo tamanho do que eu?”.    

 

Júlio questionou sobre o que Beltrão quer ser no futuro, contextualizando com Monteiro Lobato (SP), município com aproximadamente 5 mil habitantes.  “A cidade definiu que queria ser a capital brasileira do turismo infantil. E o que as crianças de Beltrão querem ser? Quais os exemplos que elas têm e do que elas se orgulham?”, observa Júlio.  

 

Ativar projetos de cidades mais inteligentes

Conforme Júlio, é preciso mapear os problemas existentes e potenciais (que podem existir), criar repertório de ideias (entender outros projetos existentes), criar projetos-piloto para testar as vocações do município até que esses projetos possam ser desejados pelos munícipes e adequá-los às necessidades do município.

 

O que diz a FGV?

Conforme a Fundação Getúlio Vargas, cidades inteligentes são aquelas criativas e sustentáveis, que fazem uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos. Para a União Europeia, as “smart cities – cidades inteligentes” – são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida.

 

Duas décadas

Em 2021, o Estatuto das Cidades – Lei Federal nº 10.057/2001 completa 20 anos no Brasil. Segundo Júlio, é um erro rever o Plano Diretor de um município de 10 em 10 anos. Deveria ser revisto em, no máximo, 10 anos. “Significa que os gestores não podem passar 10 anos para rever o plano. Deve-se fazer a revisão quando fizer sentido e quando houver a mudança de um elemento estrutural no meio ambiente urbano. Aí eu vou entender se a minha cidade do futuro está em consonância com o meu modelo ideal. Cidades inovadoras devem se reinventar constantemente”.   

 

Um alerta

Para Júlio, que é geógrafo, mestre em tratamento da Informação Espacial e professor da PUC e FGV, os gestores municipais despreparados e que não lidam com dados para a tomada de decisões estratégicas, sentirão um ‘baque’ nos próximos anos. “Ou seja, que não estão monitorando o progresso e não sabem para onde ir. É preciso fazer o monitoramento da cidade real, simular cenários futuros e ter um ambiente de aprendizado e inovação contínua. Cidades inteligentes devem entender o que é qualidade de vida, porque grande parte dos gestores públicos – prefeitos, secretários, não conseguem prever com qualidade o impacto de suas decisões. A existência de múltiplos fatores dificulta a previsão de cenários para o planejamento urbano, entre elas as adequações legais, restrições financeiras ou tecnológicas, sobreposição com áreas de atuação (estadual e federal), falta de entendimento da aprovação pelo cidadão e divergências de visões políticas e ideológicas”.

 

**Assista na íntegra a palestra - https://youtu.be/Qpt6tXZccNo e inscreva-se no canal da Acefb!**

Fonte: Da assessoria/Acefb

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